quinta-feira, 12 de julho de 2012


 Mudando um pouco o foco... depois de um longo período de abstinência devido a fatores acadêmicos, resolvi retornar com um texto fofo e romântico para iluminar a vida dos descrentes no amor, como eu. Espero que curtam ;)

Carta de aniversário.

 Aniversários são, para mim, momentos anuais de epifania. Há sempre uma nova constatação. Há sempre um auto-descobrimento. Sempre me pego pensando... porque as pessoas me dão parabéns? Pelo que elas me dão parabéns? Será que é pelo peso de mais (ou menos) um ano de vida? Há do que se parabenizar? E quanto aos desejos? Já parou para pensar que dar parabéns a alguém e lhe desejar sucesso é como reconhecer que a pessoa tem mérito em algo pelo qual merece ser parabenizada, mas tem deficiência em outros algos (como no caso, o fracasso), que são abarcados pelos desejos?
Você só deseja felicidade e amor à quem não tem. E isso fica claro quando alguém espirra e você DESEJA saúde a ela. Quando o aniversariante é, de fato, sorridente e amoroso, você ressalta tais atributos e fala para a pessoa continuar assim, sorridente e amorosa sempre. Acho que ninguém nunca levou tão a fundo todas essas considerações acerca do aniversário. Geralmente esse acontecimento é rodeado de coisas bem mais importantes, como presentes e brigadeiros. Mas o peso desse evento anual nunca passou despercebido por mim.
Existem certas pessoas que, fugindo do padrão, não há o que se desejar. Aquelas que você olha e vê tudo que você gostaria de enxergar em si mesmo. Sucesso, beleza, saúde, paz, felicidade... perfeição. Há quem diga que ninguém é perfeito. Eu discordo e acho que tudo depende do referencial.
Muitas pessoas nascem, vivem e morrem sem marcar o mundo nem ninguém. Sem fazer história. Uma literal sobrevivência, enquanto outros existem de maneira contundente, marcante... A existência pode ser analisada sob planos e dimensões infindáveis.
O mundo, plano maior onde se dá a existência, por diversas vezes, nos ilude quanto ao nosso verdadeiro valor e, geralmente, no sentido depreciativo da valoração. Sofremos calados diante das nossas decepções pessoais e chegamos a nos questionar o motivo pelo qual existimos. Ora... se por algum segundo sequer você cogitou questionar os motivos que justificam a sua existência, eu estou aqui para desmistificar todos os seus questionamentos e declarar com a certeza dos números que a sua existência serve, pelo menos para uma coisa. Essa “coisa” pode lá não ter muita importância para você ou para o mundo. A sua existência serve para dar sentido à minha.
E é nesse sentido que eu afirmo que basta que você exista. Não clamo atenção, contato, amor ou paixão. Clamo certeza de que há algo aí fora para se viver por, se sonhar com. Há esperança! A certeza de que, no meio de gente podre e mesquinha, existe perfeição, me dá energia para viver e ir ao encontro dessa perfeição, ainda que inalcançável. Você é dotado de características maravilhosas. Tudo em você, da atitude mais repugnante ao detalhe mais sórdido, é perfeito segundo o meu referencial.
Além de espalhar seu brilho pelo mundo, além de existir nesse plano maior, você vive muito mais intensamente num plano menor. Talvez você nem saiba dessa sua morada. A única certeza que posso lhe dar é que no mundo, um dia, sua existência e perfeição hão de parecer junto com seu corpo, com o tempo, que nos consome até o fim. Nesse plano menor, sua existência alcança a eternidade. Não perece, não enfraquece e o tempo, em vez de consumir, lhe dá mais vida. Você vai morar pra sempre dentro de mim.